quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Te contar um negócio

Um carro estragou na trombada
Fulaninha morreu na trombada
Não sobrou quase nada na estrada
A história vai sendo contada
E eu não tenho como saber de nada

Quem estava lá ao fundo não viu
O sujeito de branco dormiu
Talvez já tenham lido o capítulo
Ou mesmo não conheçam o título
Pode ser até que achem ridículo

Mas que foi coisa séria,
A tal da trombada,
Ah, isso foi.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Desconstantinoplatanização

Quando jovem, foi à cruzada das crianças
Leu poesia nos livros de Alexandria
Foi um dos Pares da França
Acertou cem flechas na Picardia
E ainda não estava satisfeito
Com o caviar beluga do czar
Ou com a bênção do papa no altar
Faltava um ardor no peito
Sonhava com um eterno amor
De Tarcísio Meira e Glória Menezes
Queria superar a antiga dor
E dormir na segunda-feira, às vezes
Precisava estender-se no varal
Para que suas únicas cruzadas
Fossem as palavras do jornal

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Araruta

A brevidade da avó
É macia e rende muito
Fico cheio numa bocada só
Deve ser este o intuito
Daquela fôrma de doce
Que vovó trouxe
Com mais uns biscoitos

De alguma forma
Isso faz notar
No quão breve é a vida
Depois que a pomos para assar
E comemos com café
Sem ver o tempo passar

Para deixar de ser tolo
Não sei como é breve o bolo
Se nem gostoso ele é