sábado, 29 de dezembro de 2012

Fofoca

Ao raio que o parta
O rato de Esparta.
Que rateou que o espartilho
Da rainha de espadas
Tinha um rasgo para espantalho
Da rusga dos paspalhos.

Soneto para Tesla

Lânguido flagelo celeste
Que reduz a cinzas os tolos
Desafiantes do filho do pai de Todos.
Desconhecido e temido de leste a oeste.

Veja o que fizeste
Ao fornecer, aos gigantes, engodos
Para ribombar noutra  guerra de estrondos,
Prelúdios de mal e peste.

Derramam os céus o seu pranto
De gotas d'água do Estige.
Os sopros convergindo em canto.

Entre a Sila e o Caríbde
Temeu Jasão o mais mortal encontro
Com o pai de Afrodite.

Centelha

O que fazer quando
caem as luzes ao cair da noite?
Há algum conforto no sol que está raiando,
mas o que há quando o Tédio traz consigo seu açoite?

Somos escravos da luz plástica
Como as plantas são do Sol.
Hora ou outra, uma ação drástica
do Cosmos nos lança o anzol.

Se o que vive dependesse da luz humana,
Teríamos conceitos a rever.
Do Ser a ideia emana
e cabe aos Astros resolver.

À meia-luz de toda a luz,
a nouvelle vague da existência
ao Tédio conduz.

Se a natureza do Ser
For a falta do que fazer,
Basta a queima de fusíveis
Para que voltemos a nossas novas origens.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Miasmas


Ao que restou do cadáver de Augusto dos Anjos.

A sete palmos do chão,
Numa caixa de mogno decrépito
Descansa a mórbida ilusão
com o resto de seu séquito.

A ignomínia funesta
Banha em formol as memórias
Que o enxofre contesta,
Cravadas a formão nos livros de estórias.

São exumadas as urnas d'ouro
Junto do resiliente refugo
Daquilo que um dia foi louro.

Dissidente e teimoso tarugo
Resto dos restos porvindouros
Incômodo desafio do lanugo.

Jamill Shafofaire

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Astrofilosofia

Estrelas anãs gigantes
Espectros de infravermelho
Das flores do Cosmo no espelho
Róseos nenúfares orbitantes.

Tanto se viaja, em instantes,
na magnitude da imensidão nebulosa
Uma super nova e poderosa
Reduzir-se-ia a migalhas pedantes.

A Terra é um pequeno cosmonauta
que pouco sabre sobre o céu.
E salta sobre estrelas, peralta.

Exalta os mistérios do Infinito, e salta.
Dá-se à audácia de explicá-los, ao léu
E depois clama por ciência exata.