quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Matina

Nada se move, nem mesmo por um palmo
A janela, uma imagem estática
Está tudo tão calmo...

sábado, 18 de agosto de 2012

Um sorriso no Silêncio

Nas brumas do silêncio opaco
Sufoco-me nos vapores do desejo
Nos cândidos anseios por teu beijo
Pelos olhos que são noite em que me perco.

Brilha, celeste, a tua palidez
Tétrica face da inocência
Palavras que transparecem a essência
De tua meiga timidez.

São estes momentos raros
Que aqueles de sentimentos avaros
Presenciam em seus sonhos.

É difícil crer
Nas mazelas do mundo
Quando estou perto de você.

sábado, 11 de agosto de 2012

Porções individuais

Espalhe, num tabuleiro bem untado
Dias claros batidos em neve
Aquele molho apimentado
As noites de massa leve
Tardes tenras de trabalho
Torradinhas, como as das manhãs
Um sorriso de dentes de alho

Corte cebolas, para chorar
Uns jilós e umas pimentas
Porque não é de tudo que você vai gostar.

E para seu agrado
Uma lata de leite condensado.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Gotas d'alma

Fremente está a fronte pálida 
Ao sentir seu toque profundo
Que saiu de uma crisálida
Para dar "olá" ao mundo.

Derrama o vagabundo
Se lhe alcança o esmero
Escapa do iracundo
Quando aquele é sincero.

As largam os amantes
a qualquer horário
no sofrer solitário
por aguardar o retardatário
das lembranças do primário
Sobre o tênue sudário

Viver sem chorar? Deus o livre!
Pode até ser por um cisco
Quem chora, vive.




Diagnóstico

O Doutor está morto
Tão morto, que não há cura.
E eu, aqui, absorto
Afugentando a paúra.

Será que devo tomar a pílula?
Depois de permear os agravantes
de uma paixão galopante
que afligiu-me da testa à rótula.?

Em estado terminal
de borboletas no estômago
e caraminholas na cabeça
com atos de autômato...
Acabei bem à beça.

Não estava tão mal,
Afinal.

sábado, 4 de agosto de 2012

Chuva de ideias

O céu está caindo
tão lindo
sumindo
florido
lá vem ela
na rua
timidez
me escondo?
Digo olá
Como vai?
Vamos sair?
Tá certo
Até mais.
celular
não é ela
quem?
Ah, oi
Não quero comprar nada.
Merda.

Tudo muda
Até eu
veja você
Jamais
Ainda vivo dentro de mim
Sei lá eu
Serei lá eu?
Talvez o tempo
respostas
quem precisa delas?
Viver é a resposta.
Que merda.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ideias Nebulosas

É em detrimento das chagas mundanas
Que vencem os deleites do Universo
Das antíteses de teses profanas
Nascem mundos que giram em moto-reverso

De um turbilhão de  febres terçãs
De requintes de cansaço e melancolia
Regozijam as supernovas e as anãs
Munidas de lampejos de beleza e aporia.

Para ver o colapso de uma nuvem de hidrogênio
A fusão das partículas e as relações quânticas
É muito válido esperar por mais de um milênio

Se alguma alma desvendar meio dogma universal
Elucidada está das mazelas que o mundo guarda
Munida do poder de cruzar a Fronteira Final.


Frenesi do Baiacu


Água bonita
Água gostosa
Me vive e me mata
Água leitosa!

Água gelada
Água que evapora
Me banha por dentro
Me lava por fora

Olga Olegária do alambique
Mistura de algas hilariantes
Água de Moçambique

Água molhada
Água ladina
Jacarezinho que não nada, morre
Xuá!

Jamill Shafofaire

Algo

Se tem uma coisa que impressione
É essa coisa.
Uma coisinha que coisa com nossas coisas
Coisar é o de menos,
o difícil é achar essa coisa

Coisar uma coisa que coise com você
Pode ser uma coisa difícil
Mas olha, 
tem cada coisa...

Coisíssima alguma pode coisar essa coisa
Coisar isso de volta, é coisa boa 
Coisar aquilo de propósito, é coisa de louco

E você deve estar pensando:
"Que coisa!"
Ou talvez:
"Que coisa?"

Pois então, Dona Coisa, de que coisa estou falando?