domingo, 19 de janeiro de 2014

Wandering Spleen

Thou who slips over the ridges
Taking sips under the bridges
In crowns of gold you must rely
So men of cold can try to fly

One sees you in the glorious missions
Which could be the dreariest issues
The joy in the verses of poems
Is also the ploy of the omens

Where, wonder I, do I look for?
Whispers of words of hope
Holy blessings from a pope
Empty caresses with a whore

Come on, you bloody little bastard
Get out of that stinky hole
For you're not rabbit nor mole
And I shall bring you no hazard


Archibald Fairfax VII, Earl of Hillsborough

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Essência

Nada mais nasce no pasto
De asnos e homens
Com seu francês gasto
Sem qualquer viagem

Mesmo rezando em latim
De quando em vez
Se esquecem, enfim,
De amar em português

Num dia de café com chuva
Em que as paredes se partam
Talvez se assustem os animais que pastam
E tricoteiras de luvas
Mas não haverá quem não perceba
Estrofes mais longas e versos sem rimas
Cheiro de terra e de nuvens acima
Quando versos forem tinta
E a vida for poesia.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Banzô

Não há rio que duas vezes se atravesse
No curso frio da realidade
Nostálgico é o ar que escutou a prece
E de fazê-la não tem vontade
Amor que passou e permanece
É saudade

Queria que houvesse laboratórios
Que façam um fármaco, um de verdade
Um que cure a nostalgia
Como um cisco no olho
E a troquem pelo belo punhado
De saudade que recolho

Se do tempo houver malícia
Não estamos a sós no escuro
o passado só traz más notícias
quando se veste de futuro

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Bode

Por que não pode?
Um país inteiro quebrado
TV 3D no mercado
E não posso estar de bode

Cauby Peixoto cantando
E eu sem saber quando
O que acontece comigo
Vai ser mais algo antigo

Mas bode por nada
Pois bodes têm bando
Não sou culpada
Por dar risada
Entediada
De vez em quando


Clara dos Santos

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Te contar um negócio

Um carro estragou na trombada
Fulaninha morreu na trombada
Não sobrou quase nada na estrada
A história vai sendo contada
E eu não tenho como saber de nada

Quem estava lá ao fundo não viu
O sujeito de branco dormiu
Talvez já tenham lido o capítulo
Ou mesmo não conheçam o título
Pode ser até que achem ridículo

Mas que foi coisa séria,
A tal da trombada,
Ah, isso foi.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Desconstantinoplatanização

Quando jovem, foi à cruzada das crianças
Leu poesia nos livros de Alexandria
Foi um dos Pares da França
Acertou cem flechas na Picardia
E ainda não estava satisfeito
Com o caviar beluga do czar
Ou com a bênção do papa no altar
Faltava um ardor no peito
Sonhava com um eterno amor
De Tarcísio Meira e Glória Menezes
Queria superar a antiga dor
E dormir na segunda-feira, às vezes
Precisava estender-se no varal
Para que suas únicas cruzadas
Fossem as palavras do jornal

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Araruta

A brevidade da avó
É macia e rende muito
Fico cheio numa bocada só
Deve ser este o intuito
Daquela fôrma de doce
Que vovó trouxe
Com mais uns biscoitos

De alguma forma
Isso faz notar
No quão breve é a vida
Depois que a pomos para assar
E comemos com café
Sem ver o tempo passar

Para deixar de ser tolo
Não sei como é breve o bolo
Se nem gostoso ele é